terça-feira, 26 de julho de 2011

O GURI DE URUGUAIANA E SUA TARTARUGA MONA LISA

Guri de Uruguaina. Um comediante da atualidade aqui na Capital é conhecido desta forma. Guri de Uruguaiana.  
Naquela época, 1968, no calorão de Uruguaiana, o guri era de jogar bolita, comprar picolé e balas no bolixo da esquina, correr atrás da bola de futebol envelhecida. De manhã bem cedo estudar no Grupo Escolar Getulio Vargas, na beira da ponte do Rio Uruguai. De tarde, subir a lomba e buscar o Pão de Milho na Padaria na frente do Asilo de Mendicidade. Sábado, caminhar nas ruas e comer arroz de leite perto do Hotel . Domingo, missa com a mãe e o mano na Catedral de SantAnna. O marido da Dona Iolanda,nosso pai, ainda morava em Manaus, levado pela ditadura, sargento do exército que era, transferido a força para longe dos filhos e da Familia.  No ano seguinte, em 1969 , o Homem Pisou na Lua, diziam.Eram os tais americanos, sei lá daonde. Apolo Onze.

Meu irmão Antonio e eu escutamos atentamente no radinho de pilha, em transmissão da Rádio Guaíba, enquanto brincávamos no páteo dos fundos, perto do abacateiro. Pé de Romã, que delicia. Ameixa da China. Goiabeira. Pitanga. Figueira.  Estranhamente, aqui em Porto Alegre alguns meses atrás ganhei uma tartaruga. Mona Lisa, seu nome. Quatro anos de idade, me disseram.   Naquela época, na infância, na Praça Barão do Rio Branco, existia um viveiro de Tartarugas. O telhado em estilo Chinês, do que me lembro. E eu, Guri de Uruguaiana, asmático, fazia aquela simpatia com gosto: na ponta dos pés, usando um tênis Kixute, amparado na grade, era mirar uma dentre as tartarugas, e pimba, cuspir em cima. Certeiro.Vinte e Nove Anos mais tarde, retornei aquela cidade, como bancário, a serviço da Caixa. Nesta Praça Central, bem na esquina, o banco de cimento adornado em  madeira em que me sentava, junto com Dona Iolanda, minha mãe, sempre com histórias pra contar. O banco da praça ainda permite uma visão surreal do Edifício Pequeno Príncipe, bem na esquina, do outro lado da calçada.Quando criança, o prédio parecia imenso, e na minha idéia de Guri, parecia que ia de uma hora pra outra cair em cima de nós, nos aniquilando como tartarugas achatadas ali naquele banco de praça. Na outra calçada, a Banca Borboleta vendia o Álbum e figurinhas da Copa do Mundo de Futebol, e as revistas em quadrinhos,  hoje conhecidas como gibis. Minha maior alegria: ter aprendido a ler, para dar um sossego pra Dona Iolanda que lia todas as estórias pra mim. Tio Patinhas, Pato Donald, Irmãos Metralha, o Pateta, o Pluto. Nesta visita a cidade a serviço da Caixa, encontrei a mesma Praça, Majestosa, no Centro de Uruguaiana, cidade palco da Califórnia da Canção Nativa. Bafo da Onça, Rouxinóis, o Carnaval Fora de Época, corpo de Jurados trazidos do Rio de Janeiro . E nada de saber das tartarugas.  Aonde estariam aquelas criaturas enormes na imaginação de um menino? Teriam se mudado pra Capital ?? Teriam ido pras bandas da Argentina, dançar um Tango?   

Hoje, o Guri de Uruguaiana é bancário de profissão, e acima de tudo um sonhador . Um Sonhador Menino. E como tal, avança em direção ao Futuro, com nossa Mona Lisa, uma tartaruga herdeira daquela geração de tartarugas da Praça Central de Uruguaiana. Ainda teremos alguns anos de trabalho nesta Caixa Econômica Federal. O que será dela nos próximos 150 Anos ? Certamente, da Borda da Galáxia, um menino em forma de Luz verá sua empresa avançando, como uma Tartaruga, na longevidade. A Asma terá sido ultrapassada pela Medicina, mas outras simpatias certamente existirão, levadas pelas gerações. Assim como esta história de Vida, de um menino e suas tartarugas, da infância e do imaginário, do viver a cada dia uma empresa sem igual, o Banco dos Sonhos de Todos os Brasileiros.

Ler e Escrever - Um grande prazer

Vamos retormando o gosto por escrever !